PALESTRA SOBRE A PARTICIPAÇÃO NA CAMPANHA DA SEA SHEPHERD NA ANTÁRTIDA

sábado 17:00 em VEGETHUS Consolação - São Paulo - SP
O ativista brasileiro George Guimarães compartilhará com os ativistas locais por meio de muitas fotos, vídeos e ...histórias da sua experiência na campanha No Compromise da Sea Shepherd (http://seashepherd.org/)
Saiba mais sobre a participação na campanha acessando http://guerragelida.blogspot.com/
(para melhor andamento da palestra, é recomendada a leitura do blog previamente à participação)
 SÁBADO | 16/04 | 17h | VEGETHUS CONSOLAÇÃO Rua Haddock Lobo, 187 - São Paulo - SP http://vegethus.com.br/
Logo após a palestra haverá Rodízio de Pizzas Veganas assadas no forno a lenha Entrada franca RSVP: veddas@veddas.org.br ========= Vida e Vitórias na Antártida George Guimarães é nutricionista vegano, proprietário dos restaurantes VEGETHUS, presidente da ONG VEDDAS e ativista de longa data pelos direitos animais.
Recentemente, tripulou o navio Steve Irwin da Sea Shepherd na campanha 2010/2011 na Antártida contra a caça de baleias. Esse é o sétimo ano consecutivo de atuação da Sea Shepherd na Antártida, onde a sua tripulação se coloca de forma a obstruir efetivamente a operação de caça da frota baleeira japonesa. Não se trata de uma atividade de protesto, mas de intervenção, fazendo valer tratados internacionais que proíbem a atividade. Na falta de atitude dos governos, a Sea Shepherd assume esse papel (sem contar com o apoio de qualquer governo) e a cada ano a frota baleeira japonesa leva para casa um número menor de baleias.
Operando com três navios, um helicóptero, três barcos pequenos e uma tripulação corajosa e determinada por 88 ativistas vindos de 22 países, a campanha desse ano foi a mais eficiente de todas as campanhas já realizadas. Depois de dois anos de espera por uma oportunidade de participar da campanha na Antártida, recebi o chamado em caráter de urgência com a condição de ter que chegar ao porto na Nova Zelândia em um prazo de três dias.
Em apenas 36 horas cancelei todos os planos que havia feito para os meses seguintes e estava no aeroporto. Durante os 46 dias que seguiram, eu tive a honra de tripular o Steve Irwin, que é o principal navio da frota da Sea Shepherd que, juntamente com os navios Bob Barker e Gojira, enfrentaram a frota japonesa composta por cinco embarcações grandes: três navios arpoeiros, um navio-tanque e um navio-fábrica. Durante esse tempo, a bordo do Steve Irwin, eu tive a companhia de outros quatro brasileiros: Bárbara (fotógrafa oficial da campanha), Gunter (Primeiro Oficial e veterano das campanhas Antárticas da Sea Shepherd), Luis (Segundo Oficial) e Roberta (assistente na Ponte de Comando e também veterana). Durante os primeiros dias, eu trabalhei no convés do navio em atividades de limpeza e manutenção, além de tarefas como o lançamento do barco Delta e outras. Poucos dias depois, fui transferido para a Ponte de Comando, onde atuei como assistente. É da Ponte de Comando do Steve Irwin que o Capitão Paul Watson comanda toda a frota. Como eu não tinha qualquer experiência com a vida marítima, eu não sabia exatamente o que esperar no aspecto da vida a bordo.
Devo dizer que a vida em alto-mar tripulando um navio como o Steve Irwin não é nada fácil. Refiro-me não somente ao conforto, que se resume ao básico necessário para a necessidade individual (exclua da lista básica o acesso à comunicação, banhos frequentes, dias de folga, frutas e vegetais frescos depois de algumas semanas e privacidade), mas também à própria situação se está convivendo com pessoas até então desconhecidas em um ambiente confinado, cada qual (inclusive você próprio) reagindo de maneira diversa a esse cenário. No entanto, apesar das dificuldades da vida em alto mar, tudo se resolve de uma forma ou de outra e a rotina é frequentemente quebrada por uma injeção de ânimo quando somos agraciados com a presença de baleias, icebergs e outros presentes com os quais a natureza nos brinda nessa região remota do nosso planeta. Ademais, as adversidades internas não são nada comparadas às adversidades externas. Essa campanha tem como palco as águas mais perigosas do planeta onde o clima é extremo e o porto mais próximo está a uma distância de vários dias de navegação, onde um incidente de menor gravidade pode significar uma fatalidade para os membros da tripulação. Mas apesar dos riscos inerentes, sempre foi presente a certeza de estarmos no lugar certo fazendo a coisa certa e é essa certeza que nutre a nossa força e motivação.
A tripulação a bordo das três embarcações da Sea Shepherd enfrentou tempestades com ventos de mais de 120 km/h, ondas de 12 metros de altura e vários dias a bordo de embarcações que não foram exatamente preparadas para essas condições. Como acontece desde anos anteriores, a tripulação da Sea Shepherd teve por diversas vezes a sua integridade física violada pelas ações da frota baleeira, o que jamais aconteceu de maneira inversa uma vez que as ações da Sea Shepherd têm como alvo as embarcações e não os indivíduos nela embarcados. A lista de adversidades enfrentadas e conquistas obtidas é muito rica e extensa, mas no final o que importa é a grande conquista: o governo japonês ordenou o retorno da frota baleeira na metade da campanha, justificando que não são capazes de caçar enquanto a Sea Shepherd está presente! A frota baleeira não caçou no início da temporada quando foi localizada pela Sea Shepherd, caçou em ritmo reduzido em momentos posteriores e, 40 dias depois de ter sido localizada, não caçava mais uma baleia sequer.
Diante da impotência de atuar na presença da frota da Sea Shepherd, decidiram retornar para casa tendo caçado menos de 15% da sua cota auto-estabelecida. Esse resultado (que é pequeno diante da obrigação ética e da dívida histórica que temos com esses animais) atesta para o valor de nos empenharmos em ações que, por mais que em um determinado momento possam parecer um sacrifício improdutivo, acabam por render frutos que são gratificantes para os animais. Tendo participado de mais essa expressão de ativismo pelos direitos animais, a via da ação direta não-violenta, convoco a todos a deixarem sua zona de conforto e colocarem-se a fazer aquilo que acreditam ser justo e necessário para a preservação da vida e a defesa do planeta. Conheça todos os detalhes dessa campanha acessando o meu diário de bordo (com muitas fotos), que relatou diretamente do front essa batalha repleta de enfrentamentos e conquistas pelos animais: http://guerragelida.blogspot.com/